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O MUNDO ONDE TODOS OS SAPOS&SAPAS PODEM UM DIA SER PRINCIPES ... BASTA SONHAR!!!!! SÓ É PENA EU NÃO ACREDITAR EM CONTOS DE FADAS ... PARA COMENTAR florzinhanina@iol.pt

segunda-feira, agosto 07, 2006

a cruz...



No caminho de Santiago, 1986


"Esta nuvem tem que acabar,
pensava eu enquanto lutava para descobrir as marcas amarelas nas pedras e nas árvores do Caminho.
Fazia quase uma hora que a visibilidade era muito pequena, e eu continuava cantando, para afastar o medo, enquanto esperava que algo de extraordinário acontecesse.
Cercado pela neblina, sozinho naquele ambiente irreal, comecei mais uma vez a ver o Caminho de Santiago como se fosse um filme, no momento onde a gente vê o herói fazer o que ninguém faria, enquanto na platéia, a gente pensa que estas coisas só acontecem no cinema. Mas ali estava eu, vivendo esta situação na vida real.
A floresta ia ficando cada vez mais silenciosa, e o nevoeiro começou a clarear muito. Podia ser que estivesse chegando ao final, mas aquela luz confundia meus olhos e pintava tudo a minha volta com cores misteriosas e aterradoras.
De repente, como num passe de mágica, o nevoeiro se desfez por completo. E diante de mim, cravada no alto da montanha, estava a Cruz. Olhei em volta, vi o mar de nuvens de onde saí, e outro mar de nuvens bem acima da minha cabeça.
Entre estes dois oceanos, os picos das montanhas mais altas e o pico do Cebreiro, com a Cruz. Fui tomado de uma grande vontade de rezar.
Apesar do desejo, não consegui dizer nada.
A uma centena de metros abaixo de mim, um lugarejo com quinze casas e uma pequena igreja começou a acender suas luzes. Pelo menos eu tinha onde passar a noite. Um cordeiro desgarrado subiu o monte e colocou-se entre mim e a cruz. Ele me olhou, um pouco assustado.
Durante muito tempo eu fiquei olhando o céu quase negro, a cruz, e o cordeiro branco aos seus pés. – Senhor – disse eu, finalmente. – Eu não estou pregado nesta cruz, e tampouco o vejo aí.
Esta cruz está vazia e assim deve permanecer para sempre, porque o tempo da Morte já passou. Esta cruz era o símbolo do Poder infinito que todos nós temos, pregado e morto pelo homem. Agora este Poder renasce para a vida, porque percorri o caminho das pessoas comuns, e nelas encontrei Teu próprio segredo.
Também tu percorreste o caminho das pessoas comuns. Vieste ensinar tudo do que éramos capazes, e nós não quisemos aceitar.
Nos mostraste que o Poder e a Glória estavam ao alcance de todos, e esta súbita visão de nossa capacidade foi demais para nós.
Nós te crucificamos não porque somos ingratos com o filho de Deus, mas porque tínhamos muito medo de aceitar nossa própria capacidade.
Com o tempo ! e com a tradição, tu voltaste a ser apenas uma divindade distante, e nós retomamos ao nosso destino de homens.
"Não existe nenhum pecado em ser feliz. Meia dúzia de exercícios e um ouvido atento bastam para conseguir que um homem realize seus sonhos mais impossíveis."
O cordeiro levantou-se e eu o segui. Já sabia onde estava me levando, e apesar das nuvens, o mundo tinha ficado transparente para mim. Mesmo que eu não estivesse vendo a Via Láctea no céu, eu tinha certeza de que ela existia e mostrava a todos o Caminho de Santiago. Segui o cordeiro, que caminhou em direção àquela cidadezinha – também chamada Cebreiro, como o monte.
Ali, certa vez um milagre havia acontecido – o milagre de transformar aquilo que você faz naquilo que você crê.
O Segredo da minha espada e do Estranho Caminho de Santiago. Enquanto descia a montanha, recordei a história. Um camponês de um povoado próximo, subiu para ouvir missa no Cebreiro, num dia de grande tempestade. Celebrava esta missa um monge quase sem fé, que desprezou interiormente o sacrifício do camponês. Mas no momento da consagração, a hóstia se transformou na carne de Cristo, e o vinho em seu sangue.
As relíquias ainda estão ali, guardadas naquela pequena capela, um tesouro maior que toda a riqueza do Vaticano. Fui até a pequena capela, construída pelo camponês e pelo monge que havia passado a acreditar no que fazia. Ninguém sabe quem foram. Duas lápides sem nome no cemitério ao lado marcam o local onde estão enterrados seus ossos.
Mas é impossível saber qual é o túmulo do monge, e qual o do camponês. Porque, para que houvesse o Milagre, era preciso que as duas forças tivessem combatido o Bom Combate.
Desde então, quando estou diante de um desafio importante, lembro a história do milagre no Cebreiro. A fé às vezes precisa ser provocada, para que possa se manifestar.
E este ano, estou comemorando vinte anos de minha peregrinação – que mudou minha vida. Comemora-se o dia de Santiago de Compostela na próxima semana, dia 25 de julho. Se puderem, façam uma prece em sua homenagem. Paulo Coelho

Perguntam o porque,deste post não sei mas, algo me chamou a atenção!!
E como sou pelo que o desejo torna o impossivel no possivél,seja pela fé seja pela teimosia...
Aqui só acrescento se maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé... eu quero ser a Montanha...!!!!!!!!!!!

5 Comments:

  • At 2:28 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Montanha essa que se encontra parada, a olhar de cima e a ver que maomé bem quer la chegar. LC

     
  • At 2:37 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Porque somos o que escolhemos ser.
    E o desejo de lutar e acreditar pode realmente mover montanhas.

     
  • At 7:22 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    vejo que recebeste o meu mail. voltei de s.miguel ontem, estava 5 estrelas...dá notícias,bjs

     
  • At 7:17 da tarde, Blogger florzinhanina said…

    maia aparece no msn, para te dar uma beijoca e fazer fofocas...
    espero que as férias tenham sido boas!!!
    por aqui tudo azul!!!!
    muitos beijos da Flor

     
  • At 10:44 da manhã, Blogger Alexandra F. said…

    tenho andado noutra "colmeia" e ainda não comprei o meu portátil, o Zangão tem andado com trabalho até aos cabelos por isso não tenho estado no msn.
    Apita quando tiveres na tua colmeia e vamos beber café.

     

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