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O MUNDO ONDE TODOS OS SAPOS&SAPAS PODEM UM DIA SER PRINCIPES ... BASTA SONHAR!!!!! SÓ É PENA EU NÃO ACREDITAR EM CONTOS DE FADAS ... PARA COMENTAR florzinhanina@iol.pt

sábado, abril 08, 2006


Em determinados momentos da vida nos vemos dormindo um sono profundo,
sendo sedativos de nós mesmos, esperando um grande estrondo nos despertar.

Uma trovoada talvez, seca e barulhenta, daquelas que só se ouve quando a tempestade
já parece fugir do controle da própria Natureza que onipotente explode a sua fúria no céu fazendo corpos estremecerem na terra num misto de medo e alívio
de quem sabe que o estrondo não vai durar mais do que um instante.
As grandes catástrofes naturais são assim e os grandes percalços da vida também: ambos começam e terminam numa questão de segundos,
despejam sobre nós toda a sua ira e quando se vão deixam no chão todo um mundo particular que exige ser reconstruído.
E nesse instante damos conta que bem ali, no mesmo espaço de chão, estamos caídos ao lado do tal mundo, tão ou mais destruídos quanto ele e humildemente pedimos: ' estenda-me a mão, fique de pé e levante-me!' E temos como resposta um riso irônico de quem diz: ' Como esperas que a criatura destruída venha a reconstruir o Criador?' .

E a vida continua a exigir as nossas providências, as nossas acções, negando o nosso apelo de que tudo pare, de que o planeta não mais gire enquanto não conseguirmos encontrar pela estrada todos os nossos pedaços perdidos.
E como num quebra-cabeça embaralhado sabemos que tudo o que um dia fomos está diante de nós, mas nos desesperamos ao ver que as peças são muitas e que não fazemos idéia de por onde começar.
Talvez seja melhor continuar a dormir, fechar os olhos com força e criarmos um novo mundo, onde é permitido colorir o preto e branco, encobrir a realidade, jogar perfume no fétido, mascarar o feio, vedar a razão e amordaçar a consciência.

Quem sabe também não seja uma boa escolha vestir todos os personagens do nosso sonho de realidade, nos fantasiarmos de hipocrisia, apelidarmos a fuga de imaginação, a covardia de ilusão, a fraqueza de benevolência.

E se o despertador insistir em tocar ainda temos a opção de atirá-lo o mais longe que pudermos, com a mesma força que acabamos de arremessar alguns dos problemas e ignorarmos que mesmo que o despertador não toque os compromissos estarão lá, mesmo que não vejamos os problemas eles continuarão a reclamar uma solução.

E quando você começa achar que adiar a entrevista de prestação de contas ( a tal factura) com a vida você dá-se conta que já sonhou demais e que a tal trovoada barulhenta despertou-te, parecendo inclusive mais iluminada do que o sol que enfeitava os dias de delírio, mas já havia perdido faz tempo o poder de aquecer.

Você cai em si e percebe que insistir em dormir não é o bastante quando o barulho de factores externos já te fez acordar num sobressalto de quem já perdeu a hora, perdeu o rumo, perdeu o prumo e agora tem ainda mais o que procurar e menos tempo para correr em busca de tudo o que é necessário encontrar.

Talvez seja esse o momento de sair de trás do muro que defende sim,
mas também nos esconde, e abrir bem os olhos mesmo sabendo que eles a princípio rejeitarão a claridade por não estarem mais habituados a ela.(aquilo que eu chamo olhar com olhos de ver).

O bom desta história é saber que se desejamos em sonho, apreciamos em sonho, amamos em sonho, sofremos em sonho também e agora cabe a nós trazer para a realidade somente o que a ela pertencer.
Só dorme demais quem já cansou de viver.
E que esse não seja o nosso caso.
Eu não quero o sonho impossivél eu quero a realidade possivél, e aqui ao meu lado o fim da utopia.
Podia chamar-lhe porto de abrigo, acordar, mas eu sou o barco no mar umas vezes revolto outras vezes calmo, mas todos os barcos um dia chegam ao cais, deixam cair a ancora e repousam...
NINA